Nova diretoria da ABEP é eleita

Associação Brasileira de Engenharia de Pesca tem nova direção a partir do XX Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca, que aconteceu entre os dias 8 e 11 de novembro, em Florianópolis-SC. A engenheira de pesca prof. Dra. Renata Shinozaki é a nova presidenta da Associação.

A Associação Brasileira de Engenharia de Pesca, ABEP, é responsável por oferecer apoio a área científica da engenharia de pesca e congregar os profissionais que possuem interesse no desenvolvimento da área, como professores, pesquisadores, profissionais e estudantes. De dois em dois anos, a associação renova sua diretoria, por meio de um processo eleitoral, que sempre ocorre durante o Conbep. Em 2017, foi a vez da engenheira de pesca da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, UAST, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Renata Shinozaki assumir a presidência da entidade.

Para Renata, a grande meta da nova gestão será consolidar a entidade entre a maioria dos pesquisadores. “A Abep, criada em 2007, surgiu de uma necessidade, e agora estamos no processo de consolidação. Para fortalecer, a gente precisa aumentar o número de associados, precisa ter, pelo menos, a maioria daqueles que estão fazendo pesquisas”, afirmou a engenheira. De acordo com ela, a Abep hoje cobre, apenas, 10% dos pesquisadores.

O ex-presidente da Abep, engenheiro de pesca prof. Dr. Igor da Mata, acredita que a associação tem potencial para ser muito maior. “A Abep pode contribuir muito mais com a produção científica, participar do Conselho Nacional de Pesca, emitir pareceres técnicos, enfim, exercer as atribuições de uma associação científica”, afirmou o engenheiro.

A Associação, que tem sede jurídica no Recife-PE, tem representantes de vários estados e se reúne de forma online, para encaminhar os trabalhos. “Nossa única reunião presencial é no Conbep, a gente usa a tecnologia ao nosso favor, e nos reunimos através do Skype, fazendo votações por meio de formulários online, por exemplo”, explicou.

Conbep

Para Renata, o Conbep funciona como uma ‘grande reunião’ da categoria. “Cada engenheiro de pesca, cada estudante, vem desenvolvendo trabalhos, isolados ou em grupo, e é preciso haver a divulgação das informações, a troca do que está sendo feito. É preciso de uma reunião, e o Congresso é exatamente isso. O Brasil inteiro se une para saber o que está sendo feito em Belém do Pará, por exemplo, o que está sendo feito no Recife, no Sertão pernambucano. Assim, a gente soma e consegue avançar nas questões da ciência”, disse a engenheira.

Durante o Congresso, a Associação exerce uma função fundamental, ela é responsável por toda parte científica do Congresso, como seleção de mesas, dos palestrantes, escolha dos convidados e dos temas, acessar recursos de editais científicos. “É a Abep que dá essa visão do que a gente precisa discutir no Conbep, além de auxiliar nos trabalhos científicos”, explicou a presidenta.

Pesquisa no Brasil

Com os recentes cortes nas bolsas de pesquisa e diminuição dos investimentos nas universidades federais, a Abep terá como desafio, a resistência diante da falta de recursos. “Passamos uma fase boa para a ciência, tivemos um maior investimento para pesquisas no Brasil. Mas, a gente sabe que a situação, agora, está bem difícil. Mas, continuaremos trabalhando. Com apoio, com financiamento, com um cenário favorável, a gente trabalha mais, a gente produz mais. Mas, sem apoio, a gente continua trabalhando”, enfatizou a presidenta da Associação.

Renata acredita que o financiamento funciona como estímulo aos estudantes, ou seja, sem apoio diminui o interesse e, consequentemente, cai o número de pesquisas. Para ela, o cenário científico está dependente do cenário político. “A gente não está muito otimista com o cenário político, então, a gente está se preparando para tempos ruins na ciência. A realidade não é boa, o que cenário não está bom”, desabafou.

Igor da Mata acredita que o Brasil tem um potencial enorme na área da engenharia de pesca. “Muitos economistas apontam a pesca como segundo mais importante commodity do mundo, atrás apenas do petróleo. O Brasil tem condições de se tornar um dos maiores produtores de pescado do mundo. A engenharia de pesca é uma área muito ligada à inovação e ao desenvolvimento, que vêm, principalmente, da pesquisa”, afirmou.

O engenheiro defende a regulamentação de um modelo de financiamento de pesquisa nacional. “Nós praticamente não possuímos institutos de pesquisas no país, então, a pesquisa é feita dentro das universidades, por alunos da pós-graduação, já que os professores assumem muitas atividades. Nós temos um modelo que, por um lado, não equipa as universidades, e por outro lado, não favorece a parceria com a iniciativa privada. Então, é um modelo muito indefinido, que depende na maior parte das iniciativas individuais dos pesquisadores”, explicou.

Primeira presidenta da Abep

Renata Shinozaki é a primeira presidente mulher da Abep. Uma entidade que teve em seus dez anos, apenas líderes homens e possui maioria masculina no quadro de associados. “Até na abertura do evento, se você perceber até a mesa de abertura do Conbep, por exemplo, é composta majoritariamente por homens”, disse a engenheira.

“Esse cenário vem mudando, por mérito de muitas mulheres que estão na luta. Para mim, é uma satisfação, e eu me orgulho sim de ser uma mulher e está representando uma associação onde a maioria é homem. É uma honra para mim, e eu espero representar também a questão de uma luta de gênero, porque a gente sabe que, em fazendas de camarão e em barcos de pesca, por exemplo, as mulheres passam por algumas dificuldades, e precisamos lutar para que essas dificuldades sejam sanadas, para que possamos trabalhar de igual para igual, porque a competência é a mesma, então não é para haver essa diferenciação”.

Para a engenheira é preciso quebrar o mito, dentro da engenharia de pesca, de que mulher é frágil. “Não, mulher não é frágil, mulher é valente, é corajosa, é batalhadora, é inteligente, então, não tem nada a menos”, defendeu.